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           Com uma infância difícil e cheio de problemas de saúde Mark vivia solitário e sem amigos, as únicas companhias que tinha eram seus pais.

Quando tinha 12 anos seu pai morreu em um acidente de carro deixando ele mais sozinho ainda, apenas com a companhia de sua mãe.

Foi nessa época que inventou um amigo imaginário, passava horas no quarto falando e rindo como se estivesse com um amigo em comum, muitas vezes sua mãe teve que intervir achando que ele estava ficando louco, mas dizia ser seu amigo que estava ali.

Sua mãe não deu muita bola no inicio, achando até normal, por ele ser uma criança sozinha e sem amigos.

Suas crises de asma diminuíram nessa época, talvez por estar um pouco mais ativo devido ao amiguinho imaginário.

Na escola era motivo de riso dos colegas, pois falava sozinho e era chamado de estranho e às vezes de aberração, não se importava, pois tinha seu amigo imaginário.

Aos 15 anos descobriu que sua mãe estava doente, tinha um câncer nos ossos, que foi piorando ao longo dos anos, então decidiu largar a escola e se dedicar a mãe.

Seu amigo imaginário não era mais tão presente, até arrumou um emprego em meio expediente em uma loja de animais.

No restante do dia cuidava de sua mãe, desde comida até banho ele tinha que dar, o estado de saúde dela piorava a cada dia, os remédios não faziam mais efeito e a quimioterapia foi interrompida devido ao estado avançado da doença.

Após três meses de muito sofrimento sua mãe faleceu, deixando Mark em total solidão e nesse período voltou a falar com seu amigo imaginário todos os dias. Fazia muitas brincadeiras e ria muito...

- Você acha que sou engraçado? Perguntou ao amigo.

- Sério! O que você acha de eu me tornar um palhaço? Divertir as pessoas em festas que tal?

Sua obsessão por palhaços se tornou algo além do normal, comprou uma roupa e tudo que via de palhaço adquiria, filmes, bonecos e etc.

Certo dia foi trabalhar na loja de animais vestido de palhaço, seu chefe achou engraçado e resolveu que ele ficaria em um período em frente à loja vestido e fazendo brincadeiras para atrair clientes, ele topou. Seus dias se tornaram bem divertidos e menos solitários. As pessoas passavam e riam com ele, se sentia muito bem e gostava do que fazia.

Mas um dia seu destino iria mudar totalmente. Despediu-se de seu chefe e nesse dia resolveu ir a pé vestido como palhaço, queria que mais pessoas o vissem e compartilhassem de sua alegria. Encontrou três homens em um beco fumando e conversando descontraidamente.

Resolveu parar e dar um oi, se sentia engraçado, mas um deles disse.

- Aonde vai aberração? Hoje não é o dia das bruxas.

Todos riram inclusive ele próprio.

- Sou um palhaço, você não está vendo? Faço todos rirem.

- Só se for de tristeza e riram novamente.

- Faça algo engraçado então, nos divirta.    

Começou a dançar e cantar tocando sua buzina de mão. Todos riram e um deles empurrou Mark no chão.

- Você é muito ruim seu idiota, não serve nem para entreter um cachorro e todos riram novamente.

Espere eu tenho um novo truque, veja. Pegou uma garrafa do chão e bateu em um deles que caiu no chão, sua cabeça começou a sangrar, Mark começou a rir e saiu correndo sem antes dizer:

- Está engraçado agora seu idiota?

Peguem ele, disse o homem ao chão, vou matar esse desgraçado.

Não foi muito longe, pois tropeçou em uma lixeira e caiu, os dois homens o seguraram pelos braços enquanto o agredido dava socos em seu estômago e rosto.

- Agora sim você está engraçado seu verme. Volte para o buraco de onde você saiu.

Foram embora deixando Mark desmaiado e coberto de sangue. Acordou algumas horas depois atordoado e com dor, foi direto para casa e ficou em frente ao espelho falando consigo mesmo.

- Você é engraçado, não ligue para o que eles dizem. Eles são apenas homens maus e não sabem o que dizem e você deu uma lição em um deles não foi?

Começou a rir alto e esfregar o sangue no rosto repetidamente e em seguida desenhou um rosto no espelho com seu próprio sangue, os olhos eram dois X com uma lágrima escorrendo e no lugar da boca riscos em forma de dentes.

Voltou a conversar com seu amigo imaginário e perguntou se seria uma boa ideia adotar aquele rosto do espelho ao invés da maquiagem pesada de palhaço. O amigo como se sussurrasse em seu ouvido disse:

- Use-a e mate todos aqueles que cruzarem seu caminho e comece com aqueles três do beco.

Começou a rir sem parar, enquanto dançava.

- Achei uma ótima ideia, mas sou um palhaço e não assassino.

Novamente a voz sussurrou:

- Eles não te acham engraçado, eles te humilham e riem de você, não seja mais um marionete nas mãos deles, mate todos.

- Você tem razão, mas antes preciso contar para mamãe.

No dia seguinte foi ao cemitério central visitar sua mãe.

- Bom dia Mamãe, vim te contar uma novidade. Eu sou um palhaço e faço todos rirem, mas eles não querem mais que eu faça isso, eles me bateram mamãe e eu me senti muito mal e com raiva.

Começou a chorar e rir ao mesmo tempo enquanto falava com sua mãe morta.

- Bem mamãe, não fique zangada, mas meu amigo lembra-se dele? Ele voltou e vai me ajudar com isso, ele me disse para não ser mais um idiota, ele quer que eu me vingue, o que acha Mamãe? Não fique brava, eu sei que a senhora não me criou assim, mas eu preciso fazer isso, me perdoe Mamãe.

Alterou a voz repentinamente, começou a gritar.

-Você me deixou sozinho, abandonou-me sem nada e agora quer me criticar, sua egoísta e sem amor, eu vivi sua vida por anos, mas agora me deixe viver a minha. Essa foi a última vez que venho lhe visitar, de hoje em diante não tenho mais Mãe, vou embora e não vou voltar, adeus.

No dia seguinte foi ao trabalho normalmente, mas não estava vestido como sempre, seu chefe começou a questionar o motivo:

- Por que você não está vestido de palhaço Mark?

- Não quero mais fazer isso, não me sinto mais engraçado.

- O que aconteceu você amava isso…

-Nada não, só não quero mais, se o senhor acha que não posso ficar tudo bem.

- Não tem problema, quanto a isso, mas você está bem mesmo? Estou te achando cansado e triste.

- Estou bem só não dormi muito essa noite.

- O que você tem na mochila é sua fantasia?

- Sim, eu vou doar para alguém que faça bom uso dela.

- Está bem, faça como quiser, vou ter que dar uma saída, você pode cuidar da loja sozinho?

- Claro sem problemas, pode ir.

- Certo, eu volto em meia hora e Mark alimente os animais, não esqueça.

- Tudo bem senhor, eu irei.

Uma senhora entra na loja e pergunta pelo homem que ficava na rua vestido de palhaço.

- Bom dia, você pode me dizer se o rapaz que ficava em frente à loja vestido de palhaço foi embora?

- Sim senhora ele não trabalha mais aqui, sua mãe morreu e ele foi embora para sua cidade.

- Que pena eu gostava muito dele era bem engraçado.

- Eu também senhora. mas a vida é assim, depois do riso, sempre vem a desgraça, você não acha?

- Não meu jovem, são apenas coisas da vida, tudo tem um começo e fim e o riso é muito importante, sem ele viveríamos emburrados e tristes.

- Pode ser que sim, a senhora quer algo mais?

- Me dê um pouco de ração para coelho.

- Aqui está senhora, tenha um bom dia.

- Você também rapaz e se alimente melhor, você está muito magro, tenha um bom dia.

Pensou, velha idiota, acha que sabe de tudo, vá alimentar seus coelhos e me deixe em paz.

- Olá Mark. Deu tudo certo na loja, já alimentou os animais?

- Sim senhor, vendi apenas uma ração de coelho a uma senhora que falava demais.

-Que bom! Olha só, se não estiver bem, pode sair mais cedo.

- Obrigado senhor, mas vou ficar mais um pouco.

O dia passou e Mark só tinha uma coisa na cabeça encontrar os três homens no beco, sabia que eles iriam estar lá, pois vendiam drogas naquele lugar.

Saiu às seis horas do trabalho como de costume, vestia um macacão preto e luvas, parou a poucos metros do beco e colocou sua nova fantasia, uma máscara branca e desenhada exatamente como no espelho, na mochila também trazia uma faca de cozinha, bem afiada e grande, colocou a mochila nas costas e a faca entre as calças na parte de trás.

Entrou no beco e lá estavam os três homens rindo e conversando. Caminhou em sua direção e parou a um metro deles encarando e mexendo a cabeça para um lado e para outro.

- O que você quer idiota? Acha que isso aqui é um baile à fantasia? Por acaso esse beco virou encontro de aberrações? Riram muito, enquanto ele permanecia em pé encarando os três.

- Caia fora antes que a gente te arrebente.

- Lembra-se de mim, seu idiota?

- Sim lembro, eu estava comendo sua mãe e você apareceu na porta e queria um pouquinho lembra?

Todos riram muito alto, mas Mark tomado de fúria pegou sua faca e atacou o primeiro com um golpe na garganta. Jorrando sangue e com as mãos segurando seu pescoço ele caiu no chão;

Partiu para cima dos outros, com mais violência, derrubando-os ao chão, enquanto esfaqueava várias vezes o peito e rosto de um deles. O sangue era em abundância, que o outro escorregou e caiu.

Então partiu para cima do terceiro e segurando sua cabeça começou a cortar a fim de arrancar a mesma, depois de alguns golpes ficou com sua cabeça pendurada, enquanto olhava para seus olhos sem vida, o encarou por alguns minutos e disse:

- Quem é engraçado agora seu idiota?

Chegando a casa foi direto ao espelho e começou a conversas com seu amigo imaginário sem tirar sua roupa coberta de sangue.

- Eles tiveram o que mereciam, que queimem no inferno, nunca mais irão rir de mim ou me machucar.

- Mas e agora o que eu faço? Minha vontade de vingança passou, mas a voz continuava a instigá-lo.

- Você não pode parar isso, foi só o começo, existe mais deles lá fora para serem punidos, eles ainda riem de você e irão te machucar.

- Você tem razão, tenho um dever a cumprir, machucar aqueles que não merecem viver, mas o meu trabalho e a mamãe?

- Sua mãe está morta e não vai voltar, aquela velha não merece seu arrependimento, deixe que ela apodreça no túmulo, junto aos vermes.

Suas noites foram de matança sem parar, até o dia em que seu chefe o despediu do trabalho, devido às faltas seguidas e comportamento estranho.

- Aquele velho merece morrer, ele não se importa com você.  Dizia a voz no espelho.

- Mas ele foi o único que me ajudou e meu deu um emprego?

-Você não precisa disso para viver, ele te deu as costas e te mandou embora sem piedade, mate ele.

-Você está certo, você é meu único amigo e nunca me decepcionou.

-Vá agora e mate ele, o faça sofrer.

Na loja o senhor atendia o último cliente antes de fechar, quando Mark entrou com sua velha fantasia e parado em frente ao balcão começou a encarar seu antigo chefe mexendo a cabeça de um lado a outro, um velho costume adquirido após matar os três homens no beco.

- O que você quer? Estamos fechados.

- Lembra-se de mim?

- Quem é você? Tire essa máscara e se mostre.

- Esse é meu verdadeiro eu, não uso máscara, ela faz parte de mim agora.

- Se não sair, vou chamar a polícia.

- Pode chamar, mas vai estar morto antes de eles chegarem.

- Pode levar tudo que tem no caixa, só não me mate, por favor.

- Não quero seu dinheiro e você não me verá de novo, na verdade nunca mais, porque para onde você vai não deixam entrar assassinos e nem palhaços. Começou a rir sem parar.

- Você é louco! Vou chamar a polícia.

Quando foi pegar o telefone, Mark segurou seu braço em cima do balcão e fincou a faca que atravessou a madeira deixando o homem preso e gritando de dor.

- Meu Deus que é isso? Não me mate, por favor, leve tudo.

- Já disse, não quero nada seu, apenas tirar seu sangue feito um porco no matadouro.

Arrancou a faca do balcão e enfiou em um dos olhos do pobre homem, arrancando-o para fora, deixando um buraco escuro. O homem caiu sobre o balcão sem vida, enquanto ele o esfaqueava na cabeça repetidamente.

Foi embora sem se importar com mais nada, quando cruzou com a senhora que outro dia lhe perguntara sobre o palhaço em frente à loja.

- Olá rapaz você é o novo palhaço da loja de animais? E porque está sujo na roupa? Isso é tinta ou sangue? Você se machucou?

- Você não sabe, quando calar a boca não é sua velha intrometida?

- Que isso me respeite, sou uma senhora, posso ser sua mãe.

- Mãe, quer saber onde minha mãe está? Posso te levar lá e além do mais, minha mãe não tinha essa boca de metralhadora que você tem. Está na hora de silêncio, já passa das sete e é hora de velhinhas estarem na cama. Avançou em direção a ela abrindo sua boca e arrancou sua língua com a faca. A pobre mulher começou a engasgar no sangue e caiu na calçada sem vida.

- A única língua agora que você vai falar é a de sinais sua bruxa velha.

Pegou o corpo da mulher e colocou na porta malas do carro de seu antigo chefe levando ela até o cemitério onde se encontrava o tumulo de sua mãe.

- Olhe mamãe eu trouxe companhia para a senhora, essa doce velhinha queria ser minha mãe também, riu um pouco e ficou sério e bravo novamente.

- Lembra que eu disse que não voltaria mais aqui, pois é, mudei de ideia e te trouxe uma amiga para te fazer companhia, enquanto apodrece nesse túmulo.

- Não se preocupe, ela falava demais, mas dei um jeito nisso, ah e mamãe você vai ter que aprender a língua dos sinais. Hahahaha, riu muito nessa hora.

Começou a cavar a sepultura de sua mãe até chegar ao caixão, que já estava ali há muito tempo.

- Oi mamãe, como você está linda com seu vestido branco e suas joias! Está um pouco magra, não anda comendo bem, hahaha, vou colocar sua nova amiga ao seu lado, assim não vai ficar mais sozinha, como eu.

- Lembra-se do meu amigo, ele voltou e estamos muito próximos agora.

Abaixado e sob o corpo de sua mãe, não notou a sombra que pegava a pá que estava à beira do túmulo.

Recebeu um forte golpe em sua cabeça, caiu sobre o corpo de sua mãe, foi golpeado mais três vezes, enquanto caía, até ter seu cérebro exposto em sangue.

Parada em frente ao túmulo estava a pobre senhora segurando a pá e rindo fez um gesto com o dedo do meio para seu corpo sem vida. Jogou a terra sobre seu corpo, atirou a pá no chão e foi embora.

Mark subestimou a pobre senhora, achando que a tinha matado, mas no fim quem riu por último foi ela.

 

- Fim –