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O expresso 158 saiu de Paris às 18h15 min com destino a Londres, era um trem moderno e com capacidade maior de passageiros, chamado de 'o trem com asas’ por sua velocidade de alcançar maiores distâncias em menos tempo que os trens normais.

O trem era composto de seis vagões, com um deles era de classe executiva, com um restaurante, acessível somente à classe A. O restaurante tinha um chef de cozinha e um garçom, além do carregador de malas.

Dez personalidades distintas embarcaram na classe executiva, a dama da ópera, hoje aposentada, Lina Facite e sua criada Mahara, uma indiana muito bonita e jovem.

O primeiro ministro Frances Henri Mallet, o dono de um dos maiores bancos de Londres.

Thomas Brown e seu contador Ethan Smith, o fabricante de armas Frances Oliver Lohan, com sua mania de toque, trazia seu copo e talheres onde fosse e sempre tinha um lenço à mão - tinha um sério problema com germes -.

O senador Adam Roy e seu assistente Luís Martin ambos franceses e o casal de cantores de ópera Mirella Caruso e seu marido Enzo Caruso, que iriam se apresentar em um evento de ópera em Londres e todos os passageiros da classe executiva foram convidados, era um evento beneficente organizado pelo governo de Londres e iria angariar fundos para a construção de um orfanato para jovens de rua.

O casal Caruso iria se apresentar no evento cantando algumas canções de óperas famosas, Mirella estava bem apreensiva, pois nunca tinha se apresentado, com todo o aparato que uma ópera exige, mas seu marido a acalmou dizendo que tudo iria dar certo.

A dama da ópera Lina Facite estava insatisfeita com o tamanho de sua cabine, apesar da viagem ser rápida, menos de 5 horas, exigia que sua cabine tivesse duas camas, pois estava acompanhada de sua criada.

- Como vou dormir em uma cama confortável e deixar minha criada ficar com o sofá, quero trocar de cabine.

- Madame as dez cabines estão ocupadas, não tenho o que fazer a respeito. - Vou fazer uma reclamação com a companhia quando chegar a Londres.

- A senhora tem todo direito, me desculpe pelo incômodo e se precisar estou à disposição, passar bem.

Oliver lohan encontrou o senador Adam e o convidou para tomar uma bebida no restaurante a fim de colocar o papo em dia.

- Me diga senador como vai a política em seu país?

- O de sempre meu amigo, o povo nunca está satisfeito com os rumos que o país segue, sempre tem algo a reclamar e você continua fabricando armas?

Os dois se conhecem há muito tempo, Adam uma vez encomendou uma pistola alemã personalizada de Oliver, até hoje não sai de casa sem ela.

- Sim é meu ganha pão, e por falar nisso aquela sua pistola alemã que fiz sob encomenda ainda a carrega junto?

- Com certeza a aonde vou ela está comigo. Tirou de seu bolso e mostrou a bela arma para Oliver.

- Com certeza é um dos meus melhores trabalhos até agora.

- Concordo com você e valeu cada centavo gasto. Louis apareceu de repente e alertou o senador que deveria repassar seu discurso para o dia da ópera.

- Senador com licença, precisamos repassar seu discurso e acertar alguns detalhes.

- Bem lembrado meu amigo, você lembra-se do meu assistente Louis Martin? Ele está comigo há pouco tempo, mas é um profissional exemplar, preciso me retirar meu amigo até breve.

- Mais tarde continuamos nossa conversa senador.

O primeiro ministro Frances Henri Mallet sentou-se em uma mesa e pediu ao garçom um taça de vinho, era um profundo conhecedor de vinhos e sócio de uma vinícola na Itália, muito reservado, mas de bom papo. Em outra mesa mais afastado estava Thomas Brown e seu contador Ethan Smith, ambos conversavam a respeito da economia atual e seu impacto nos lucros de seu banco.

- Ethan você anotou tudo que foi dito na reunião?

- Sim senhor sem esquecer-se dos pingos nos 'is'.

- Você reparou naquela mulher velha e arrogante que não parava de falar em cláusulas, esse advogados são como baratas que você mata uma aparecem mais dez.

- Sim senhor, eu concordo plenamente. Hoje em dia não podemos confiar nem em nossa sombra, não sei se fiz um bom acordo com essa fusão com o banco francês, somente o tempo dirá. Pelos meus cálculos o senhor vai ter um aumento de sua receita em 80% nos próximos seis meses.

- É uma boa notícia Ethan e espero que você esteja certo, vamos tomar um conhaque para comemorar.

O chef de cozinha anuncia que o jantar será servido às 8 horas em ponto. Madame Lina e sua criada entram no restaurante e se sentam em uma mesa perto do primeiro ministro Frances, ele acena com a cabeça cumprimentando-as, Lina sorri e o cumprimenta com um aceno de mão, ela está preocupada com o que será servido no jantar, ela não come carne vermelha e não gosta de comida muito temperada, já sua criada é o contrário, adora sabores picantes. Acenou para o garçom vir à sua mesa;

- Me diga meu jovem, o cardápio de hoje inclui algum tipo de carne branca? Perguntou.

- Sim senhora tem salmão com batatas e salada verde, ou se preferir também tem frango assado com batatas e cenouras douradas e cozidas a vapor.

- Eu vou querer salmão, mas não muito temperado, pois tenho gastrite e para minha criada pode ser o frango.

- Sim senhora, está anotado seu pedido, a senhora quer algo para beber por enquanto?

- Pode me trazer uma taça de champanhe e um suco de laranja para a minha criada.

- Em um minuto senhora, com sua licença.

- Boa escolha disse o primeiro ministro, se dirigindo a Lina.

- Sou uma mulher refinada e tenho que manter meu organismo equilibrado, não sou mais jovem para abusar de certas comidas, tenho gastrite.

- Posso me sentar com vocês se não for incomodo? Perguntou Henri.

- Mas é claro que sim, não é incomodo algum, me chamo Lina Facite e essa é minha criada Mahara, ela é da índia e não fala muito bem o inglês.

- E sei quem a senhora é, famosa cantora de ópera na Itália e dona de uma bela voz, sou o primeiro ministro Frances Henri Mallet, muito prazer!

- Eu que tenho o prazer de conhecer o senhor, e muito obrigado pelas palavras, mas há muito minha voz se perdeu e hoje sou uma admiradora dos novos talentos, como a jovem que vai cantar amanhã chamada Mirella Caruso e seu belo marido e ótimo cantor.

- Sim eu os conheço também, formam um belo casal e ótimos no palco, quando estão juntos, a senhora está morando na Itália?

- Não meu querido, hoje vivo na França, meu falecido marido era Francês e sua família vive toda na França, como sou uma pessoa sozinha resolvi me mudar para perto deles e trouxe minha criada junto.

- É um belo país para se viver, assim como a Itália também. Mas sua origem é italiana ou estou enganado?

- Sim o senhor está certo sim, meu pai era italiano e minha mãe é de Portugal, ambos se conheceram em uma viajem de negócios na França, se apaixonaram e aqui estou eu. Começou a rir de si mesma.

- Uma bela história, assim como a sua na arte de fazer música.

- Com certeza eles foram bons pais e me deram a melhor educação de todas, que descansem em paz.

Oliver se levantou de sua mesa e foi até sua cabine buscar sua bolsa de utilidades, nela continha um copo e duas taças, além de talheres e muitos guardanapos, voltou e se sentou em sua mesa colocando o copo em cima de um guardanapo.

- Garçom me traga uma garrafa de conhaque e não precisa de copo, eu já trouxe o meu.

Problemas no caminho



O trem de repente começou a frear e todos ficaram preocupados temendo por algo pior, aos poucos ele foi parando, certo silêncio tomou conta do ambiente. O primeiro ministro olhou pela janela e viu o maquinista indo em direção aos trilhos.

- Acho que aconteceu algo com o trem, acabei de ver nosso condutor saindo em direção aos trilhos.

Todos se levantaram para olhar pela janela, Lá fora estava frio e pequenos flocos de neve começavam a cair, pois estava no inicio do inverno e a noite prometia ser de muito frio.

- Eu vou lá fora dar uma olhada. Disse Henri.

Todos resolveram segui-lo menos Oliver, que resolveu ficar bebendo sozinho. Lá fora o frio era intenso e a neve caia deixando o chão escorregadio, o condutor do trem estava parado em frente a um galho enorme de uma arvore que havia caído devido o vento forte de inverno. Lina achou muito frio e resolveu voltar para sua cabine e se aquecer, sua criada a acompanhou, no caminho encontrou Mirela e Enzo.

- O que aconteceu lá fora madame? Perguntou Enzo.

- Um pequeno acidente, parece que uma árvore caiu e um dos galhos esta sob os trilhos.

- Eu vou até lá tentar ajudar, mas você fique na cabine Mirella está muito frio lá fora.

O senador Adam e seu assistente resolveram seguir Enzo sem saber o que realmente estava acontecendo.

- Mas que frio dos infernos. Disse Adam.

- Acho melhor o senhor voltar para sua cabine senador.

- Que nada você acha que sou criança, eu aguento esse frio e se for preciso fazer algo para esse trem funcionar novamente eu farei.

- Como podemos ajudar senhor? Esse galho é enorme e vai precisar de no mínimo uns três homens para tirá-lo dos trilhos.

- É mais fácil cortar e depois tirá-los, tenho machados na área de carga do trem, qual seu nome senhor? Perguntou o condutor.

- Me chamo Henri, sou o primeiro ministro da frança em que posso ajudar.

- O senhor poderia pedir para Jimmi o garçom para pegar os machados na área de carga e traze-los até aqui? E peça para ninguém mais descer do trem, obrigado.

O senador voltou ao trem e passou o recado para Jimmi. Oliver continuava bebendo sem se importar com nada, parecia já estar bêbado e mal conseguia abrir os olhos. Os dois voltaram para a rua com dois machados em mãos.

- Pronto senhor, aqui estão os machados, vou começar a cortar perto da base e o senhor corta do outro lado, depois revezamos com os outros, está muito frio e precisamos nos aquecer antes que todos congelem nesse frio.

- Eu vou voltar e pegar um casaco para o senhor senador, disse Louis.

- É uma boa ideia meu amigo.

Louis entrou na cabine e pegou um pesado casaco de peles para o senador, mas quando iria sair olhou em direção ao restaurante e viu Oliver debruçado sob a mesa, resolveu ir até lá ver se ele estava bem. Chamou pelo nome e bateu em seu ombro, mas ele não respondeu, olhou para seu rosto que estava de lado sob a mesa e notou que seus olhos estavam abertos e de sua boca saia uma espuma branca. Tocou no seu pescoço e não sentiu sua pulsação, ao lado do copo havia uma carta de baralho era um ÁS de ouros, sem tocar em mais nada saiu correndo em direção aos outros na rua. - O que foi que aconteceu Louis? Parece que viu um fantasma... disse o senador.

Louis tentava recobrar o fôlego ao entregar o casaco para o senador.

- Senhor é Oliver, fez uma pausa, acho que ele está morto senhor.

- Morto? Como assim? Como você sabe que ele está morto?

- Ele está caído sob a mesa e não tem pulso, seus olhos estão abertos e de sua boca saiu um liquido espumoso.

- Meu Deus deve ter sido um ataque do coração! Pobre homem!

Após avisar o condutor e a todos sobre o ocorrido, Adam correu para o restaurante para ver se era verdade que seu amigo estava morto.

- Luís tinha razão, ele está morto, disse Henri.

Os outros passageiros começaram a entrar, mas não acreditavam que aquilo estava acontecendo.

Manny, como era chamado o condutor, pediu para ninguém mexer no corpo, em seguida mandou Jimmi ir até a classe econômica verificar se havia algum policial entre os passageiros. Jimmi entrou no primeiro vagão e já foi perguntando entre os passageiros, mas ninguém respondeu até que um homem ao fundo disse algo que chamou sua atenção.

- Eu vi uma mulher se identificando na estação, quando cheguei, ela dizia ser uma detetive e está no próximo vagão se não me engano. Jimmi correu até o segundo vagão e começou a falar em voz alta à procura da tal detetive.

- Alguém aqui é da policia? Se for se identifique temos um problema na classe executiva.

Uma mulher loira de meia idade se levantou e foi em direção a Jimmi.

- Oui monsieur, Louise Bonnet, detetive da polícia francesa, em que posso ajudar?

- Graças a Deus que você está aqui senhora, temos um problema no restaurante, falou baixo em seu ouvido, um dos passageiros está morto.

- Hum, oui então vamos até lá e veremos o que posso fazer a respeito.

Louise chegou ao restaurante e notou que todos estavam em volta do corpo, com um gesto de mão mostrou sua identificação e todos se afastaram.

- Vocês não me conhecem, meu nome é Louise Bonnet, detetive da policia francesa, qual o nome do nosso cadáver? Perguntou.

- Oliver Lohan, fabricante de armas, é de Londres, mas mora em Paris.

- Hum, interessante isso, um homem que gosta muito de armas tem tendência a se machucar um dia, só que nosso amigo aqui foi, além disso.

- Quem encontrou o corpo?

- Fui eu madame, disse Louis.

- E por falar nisso, lembrei que estamos parados no meio do nada, o que está acontecendo além desse nosso amigo aqui estar morto?

- Estamos com um problema nos trilhos madame, mas já está sendo resolvido.

-Oui monsieur, mas me diga rapaz você mexeu no corpo, ou em algo em volta dele?

- senhora a única coisa que fiz foi ver se tinha pulso, não toquei em mais nada.

- Fez bem meu jovem, uma cena de crime contaminada muda tudo, mas quem falou em crime aqui? Sorriu. Deixe me ver se minha teoria está certa, olhos abertos e boca espumando, mas nenhum membro contraído indicando que não foi um ataque cardíaco, só para esclarecer a vocês, que quando alguém tem um mal súbito geralmente o corpo se contrai por causa da dor, e esse não é o nosso caso. E essa carta aqui já estava aqui quando o senhor chegou?

- Sim senhora, disse Louis.

- Hum... Hum, ÁS de ouros muito suspeito isso, o ÁS de ouro no tarô significa alquimia e podemos dizer que leva a outro patamar de investigação, nesse caso acho que ele foi envenenado senhores e pode estar nesse licor, quem serviu ele nesse meio tempo.

- Fui eu senhora, sou responsável pelo atendimento no restaurante, mas posso garantir que a garrafa estava lacrada quando a peguei.

- Hum, isso me leva a outro fato interessante, se o veneno não está no licor, então está no copo, certo cavalheiros?

- Madame o copo é do próprio falecido, ele tinha problema com germes por isso trazia seus utensílios, onde fosse, disse o senador Adam.

- Oui, interessante isso, quer dizer que alguém pode ter entrado em sua cabine na sua ausência e administrado o veneno em volta do copo, provavelmente arsênico ou cianureto, mas não tenho como comprovar isso nestas condições, cavaleiros precisamos levar o corpo até sua cabine e depois vou ter que interrogar cada um de vocês. Louise pegou a carta e colocou no seu bolso.

- Levem a garrafa e o copo junto, mas peguem com um lenço sem deixar digitais.

Louise Bonnet investiga (uma carta na manga)



- Preciso conversar com você Jimmi e seja o mais claro possível, você matou Oliver Lohan?

Louise estava sentada em uma das mesas de frente para Jimmi e seu olhar era de suspeita e ao mesmo tempo de deboche.

- Não senhora, não fui eu, com toda certeza e além do mais eu não conhecia este homem, não teria motivos para matá-lo.

- Você notou algo suspeito de alguém nesse meio tempo? Ele ficou o tempo todo sozinho ou conversou com alguém?

- Quando chegou veio direto para cá com o senador, conversaram um pouco e até uma arma foi mostrada em público senhora, acho que pertencia ao senador.

- Uma arma... mas que tipo de arma? Perguntou Louise.

- Uma pistola senhora, tinha o cabo dourado com uma letra e foi o que pude ver.

- Uma arma no trem em posse de um civil, interessante Jimmi.

Louise começou a bater os dedos na mesa fazendo barulho com suas unhas longas e vermelhas.

- Jimmi me faça um favor e chame o senador para mim, obrigado.

- Sente-se senador e fique à vontade, me diga monsieur que tipo de ligação o senhor tinha com nossa vítima?

- Eu conheço Oliver há muitos anos, ele me foi apresentado em uma festa logo que fui eleito senador, no inicio fiquei meio intrigado pelo fato dele ser um fabricante de armas, já que minha política é antiarmas nas ruas, mas depois se mostrou uma pessoa agradável e muito inteligente, tirando sua mania obsessiva com germes, no mais era um bom amigo.

- O senhor não teria motivo algum para matá-lo ou saberia se ele tinha algum inimigo?

- De jeito nenhum eu mataria meu amigo e inimigos todos nós temos nessa vida, mas não me lembro de ninguém especifico que poderia querer fazer mal a Oliver.

- Agradeço pelo seu tempo senador, o senhor poderia pedir para o primeiro ministro vir até aqui por gentileza.

- Claro que sim, madame.

- Boa noite, primeiro ministro, quero que o senhor saiba que essas perguntas são de total sigilo e não podem ser reveladas aos outros passageiros, o senhor concorda?

- Com certeza madame, o que falarmos agora ficará entre nós.

- Oui monsieur está correto, me diga o senhor conhecia a nossa vítima antes de embarcar nesse trem?

- Não senhora eu nunca o vi na vida, mas conheço seu trabalho.

- Conhece seu trabalho de onde? Já comprou algum tipo de arma com ele?

- Não senhora, mas lembro de um fato que ocorreu alguns anos atrás envolvendo uma de suas armas.

- E que fato seria esse senhor? Perguntou Louise.

- Eu não sei detalhes, mas um rapaz foi morto por invadir uma casa, o proprietário tinha uma arma e atirou matando o jovem, essa arma era da empresa de Oliver e na época causou um grande impacto na indústria de armas, sendo que sua fábrica ficou fechada por quase um mês, é o que lembro.

- Interessante isso senador, mas não tem muita ligação com nosso crime já que minha suspeita é por envenenamento.

- De fato sim senhora, mas é o que posso informar até o momento.

- Certo primeiro ministro e obrigado, o senhor sabe me dizer se vamos ficar muito tempo ainda parados, a neve está aumentando e daqui a pouco vamos ficar presos de vez por aqui.

- O condutor e mais dois dos nossos passageiros estão fazendo o possível com o que tem em mãos para resolver o problema.

- Quem está lá além do condutor?

- Acho que Enzo o cantor de ópera e o menino Jimmi.

- Obrigada senhor, peça por gentileza que o senhor Thomas venha falar comigo, obrigado.

- Boa noite madame Bonnet, em que posso ajudá-la?

- O senhor já sabe da situação e que até que se prove o contrário todos são suspeitos, correto.

- Sim senhora, mas eu não tenho nada a esconder.

- Eu entendo o senhor, às vezes ficamos na defensiva, mesmo não tendo razão para estar, o senhor conhecia Oliver Lohan?

- Não senhora, até embarcar no trem.

- Mas sabia que ele era fabricante de armas e já tinha saído na mídia por causa de um fato criminoso de anos atrás.

- Não estou a par desse fato senhora e como disse não o conhecia até embarcar no trem.

- O que o senhor fazia em Paris? Negócios ou lazer?

- Fechei um acordo com um banco, na verdade uma parceria muito lucrativa e o que isso tem a ver com o caso senhora?

- Nada não, só estou tentando conhecê-lo melhor, algo que o senhor tenha notado de diferente nos outros passageiros?

- Não senhora, até porque eu não fiquei reparando nos outros passageiros, fiquei conversando com meu contador a respeito da economia do nosso país.

- Oui monsieur, quero conversar com seu contador, pode chamá-lo para mim?

- Com certeza madame, passar bem.

A conversa com Ethan não foi nada reveladora e Louise não chegou a conclusão alguma até agora.

- Então Louise resolveu chamar Louis Martin, assistente do senador Adam.

- Me diga rapaz, qual a ligação do senador com Oliver Martin?

- Pelo que sei apenas negócios, eles são amigos, mas não de frequentar a casa um do outro.

- E a tal arma que o senador carrega com ele é de fato de origem da fábrica de Oliver?

- Sim senhora, um belo trabalho por sinal, um objeto belíssimo.

- O senador já sofreu algum tipo de ameaça para andar sempre com uma arma aonde vai?

- Não senhora, mas é sempre bom estar preparado no caso de algo acontecer.

- Concordo, ainda mais ele sendo uma pessoa pública, mas por hora é isso meu rapaz, se precisar volto a falar com você.

- Estou à disposição, é só me chamar.

Louise até agora não tinha nenhum suspeito, mas ainda faltava falar com outros passageiros.

A conversa com a dama da ópera Lina Facite teve que ser junto a sua criada, pois a mesma entendia muito pouco do idioma.

- A senhora ficou pouco tempo no restaurante madame Lina?

- Sim, até o momento que o trem parou e como estava muito frio não fui lá para fora como os outros, voltei para minha cabine e só sai quando a senhora mandou me chamar. E minha criada ficou comigo o tempo todo.

- A senhora não notou nenhum comportamento diferente em algum dos passageiros?

- Não senhora, eu conversava com o primeiro ministro à mesa e estava bem distraída naquele momento, ele é um homem muito charmoso e inteligente que toma sua atenção.

- E sua criada em momento algum saiu de perto de você? Perguntou Louise.

- Em momento algum se afastou, aonde eu vou ela está comigo.

- Acho que encerramos por aqui madame, obrigado pelo seu tempo.

Faltava falar com o casal Caruso, então Louise resolveu falar com os dois juntos já que eram inseparáveis.

- Vocês tem uma apresentação em Londres amanhã à noite, esse fato atrapalha um pouco a mística da coisa, até porque estamos falando de um crime, como vocês se sentem em relação a isso?

Louise era muito esperta e queria ver como os dois se comportavam, queria mexer com o psicológico dos dois.

- Para mim é indiferente madame, desde que possamos nos apresentar amanhã isso não muda nada, disse Enzo.

- Mas estamos diante de um crime, um ser humano foi assassinado no trem em que você está, isso não afeta você Mirella?

- Somos profissionais detetive e sabemos separar as coisas, nos preparamos a vida toda para isso e uma ocasião dessa não se pode deixar passar, lamento pelo senhor Oliver eu não o conhecia, mas ele é um ser humano e não merecia morrer assim.

- Vocês tinham alguma relação com ele ou o conheciam de algum lugar?

- Nunca o vimos antes a não ser por hoje no trem, moramos em países diferentes, sem conexão alguma.

- Vocês sabiam que ele era fabricante de armas?

- Não sabíamos, isso é novidade, mas não quer dizer que era uma má pessoa detetive. disse Mirella.

- Com certeza não prova nada e não diz nada também em relação ao crime, agradeço aos dois e espero que amanhã corra tudo bem na apresentação.

Louise estava cansada, então resolveu parar por umas horas e relaxar um pouco, não estava conseguindo colocar sua mente para funcionar direito, talvez o cansaço ou o frio estivesse bloqueando seus pensamentos, encostou-se na janela e adormeceu em pouco tempo.

Acordou com Jimmi cutucando seu ombro e chamando seu nome.

- Detetive Bonnet aconteceu algo com o senhor Thomas, você precisa vir até sua cabine agora.

Loiuse deu um pulo e saiu às pressas em direção à cabine 4-A. Quando chegou à porta viu Thomas Brown caído em sua cama com um punhal em seu peito, ele estava morto.

- Como isso foi acontecer e onde estavam todos vocês? Quero que todos se dirijam para o restaurante e não saiam de lá.

Louise notou que no bolso do casaco de Thomas havia uma nova carta, era um ÁS de espadas, alguém está querendo brincar comigo, mas nesse jogo de cartas eu também tenho um ÁS na manga, pensou ela.

Louise examinava o corpo e a cena do crime, quando notou que uma das mãos de Thomas estava fechada, então resolveu verificar e descobriu um botão de casaco na cor branca, o mesmo usado no uniforme dos funcionários do trem.

- Mon Dieu, um botão de casaco, mas eu já vi esse tipo de botão, parece muito com o usado nos casacos dos funcionários do trem.

Guardou o botão em seu bolso sem fazer alarde, analisou o punhal usado para matar Thomas, que era feito de prata e continha uma serpente esculpida em seu cabo, ela nunca tinha visto algo assim em toda sua carreira, parecia ser de origem egípcia. A carta encontrada representava no tarô uma arma ou espada, tudo a ver com a arma do crime, nosso amigo está seguindo a risca o significado de cada ÁS, muito esperto de sua parte, mas eu sou ainda mais esperta que você e vou te encontrar, pensou Louise.

Fechou a porta da cabine e se dirigiu até o restaurante onde todos a estavam esperando.

- Vocês estão proibidos de acessar a cabine 4-A, é uma cena de crime e somente se for solicitado por mim, algum de vocês poderão entra lá, está claro?

Todos concordaram. Enzo retornou para o trem e informou que os trilhos estavam liberados, o maquinista já estava de volta e Jimmi também.

-Vocês três estavam na rua e não ficaram sabendo do ocorrido, temos um novo assassinato e desta vez foi Thomas Brown o banqueiro, ele foi morto em sua própria cabine com um punhal que acho eu é de origem egípcia. O acesso à cabine está proibido. E por favor, faça esse trem sair do lugar antes que todos nós congelemos, senhor.

- É pra já detetive!

Louise estava aliviada de sentir o trem em movimento novamente.

- Eu estive pensando, nesse meio tempo, entre um assassinato e outro, e se nosso assassino estiver transitando por todo o trem? Ele pode ser qualquer um dos passageiros da classe econômica.

- Discordo de você detetive, disse Jimmi.

- Por que você discorda Jimmi?

- Ele teria que ter acesso às portas que ficam fechadas na classe executiva, somente um funcionário teria como fazer isso.

- Hum, isso estreita minhas suspeitas, então quer dizer que ele pode ter de alguma maneira acesso a todos os vagões?

- Sim senhora, se ele for na verdade um dos funcionários.

- Mas tirando você e o chef de cozinha, quanto funcionário ainda tem no trem além do maquinista?

- Mais dois na classe econômica senhora, mas um deles é bem idoso e o outro fica no último vagão junto às bagagens dos passageiros, não teria como passar sem ser notado.

- É verdade meu amigo, você daria um bom detetive Jimmi, sorriu Louise.

- Tenho algo a dizer detetive, disse Lina Facite.

- Fale minha querida, sou toda ouvidos.

- Eu estava em minha cabine antes de acontecer esse crime, então escutei um barulho de porta e resolvi olhar, minha criada estava sonolenta e não viu quando abri a porta, eu acho que vi um homem saindo da cabine do senhor Thomas, estava meio escuro e minha visão já não é a mesma, mas me parecia com alguém que trabalha no trem pela roupa que vestia.

- A senhora saberia identificar esse homem se o visse minha querida?

- É difícil dizer com certeza, mas acho que sim, parecia jovem e alto, mas um pouco magro, não consegui ver sua cor de pele, mas era branco, com certeza.

- Estamos diante de um suspeito alto e magro, talvez no máximo trinta anos e de pele clara, alguém em particular entre os funcionários não mencionado Jimmi?

- Que me lembre não senhora, ninguém além de mim está perto dessas características.

- Hum, podemos estar lidando com um mestre dos disfarces, alguém que se passa por funcionário pode enganar qualquer um e entrar em uma cabine sem levantar suspeitas para a vítima.

- Temos uma parada antes de chegar a Londres Jimmi, quero que você tire todos os outros passageiros da classe econômica, somente ficam os da classe executiva e os funcionários, quando o trem parar peça que desçam e peguem o próximo trem, o motivo é investigação policial e não diga nada, além disso.

O trem chegou as 9h15 min na estação de Towns Village, os passageiros foram encaminhados a uma sala de espera e em seguida Jimmi embarcou e seguiram viagem.

-Tudo certo Jimmi, sem muitas perguntas e indagações.

- Sim senhora, todos entenderam, apenas alguns reclamaram do frio.

- Onde está Lina Facite, alguém a viu?

- Deve estar em sua cabine com a criada, sabe como são essas mulheres velhas em relação ao frio, disse o senador.

- Não é hora para piadas senador, vou até sua cabine verificar se está tudo bem, ninguém saia daqui até eu voltar.

Quando Louise chegou à cabine a porta estava trancada, bateu, mas ninguém respondeu, então resolveu pedir a Jimmi a chave para abrir por fora.

- Jimmi abra rápido essa porta ela pode estar em perigo.

Quando Jimmi abriu, a cena que se viu era assustadora, Lina Facite estava caída sob a cama com a boca aberta e dela saia um pouco de fumaça como se tivesse algo em brasas dentro de sua boca, sua criada estava inconsciente no chão e tinha as mãos amarradas nas costas.

- Jimmi depressa feche a porta, disse Louise, e veja se a criada está viva.

- Sim senhora está inconsciente, mas tem pulso.

- Mon Dieu, pobre mulher deve ter sofrido muito até morrer, veja Jimmi, mais uma carta e essa representa fogo, o ÁS de paus, nosso amigo é bem criativo e nos deixou detalhes de seu crime, veja uma lata pequena de querosene e marcas no pescoço de estrangulamento, minha teoria é de que ele entrou deixou a criada inconsciente e se aproveitou que a senhora Facite estava dormindo e a estrangulou, depois abriu sua boca e jogou querosene em seguida acendeu um fósforo e viu-a queimar ainda viva de dentro para fora, muito cruel da parte dele, quase poético, mas brutal, estamos lidando com alguém muito inteligente Jimmi. Reúna todos os homens Jimmi, vamos fazer uma busca em todo o trem, vamos pegar esse mestre das cartas nem que seja meu último blefe.

- Jimmi venha comigo e o senhor também ministro, Mirella fique com Mahara e o senador aqui no restaurante, Enzo, Ethan e Louis vocês cobrem os últimos vagões.

Louise procurava por algo que ainda não tinha visto, uma pista ou algum objeto deixado para trás, mas não encontrou nada, os outros também não encontraram nada, além de lixo jogado ao chão. De volta ao restaurante Louise resolveu encerrar as buscar, mas ela ainda tinha uma carta na manga que não estava pronta para revelar.

- Onde está o senador Mirella?

- Ele resolveu voltar para sua cabine, pois não estava se sentindo bem, tomou uma taça de vinho e ficou enjoado.

- Enjoado pode ser reação ao veneno, rápido Jimmi traga sua chave.

Jimmi abriu a porta da cabine e o senador estava sentado com uma taça de vinho em suas mãos, a cabeça para trás e uma espuma saindo pela boca.

-Veneno novamente, eu sabia que isso iria acontecer de novo, só não pude prever seu próximo passo, olhe Jimmi, mais uma carta e agora é o ÁS de copas, tem símbolo de coração, mas representa uma taça e tem conotação feminina, mas será que o senador é... Não, preciso checar, pensou Louise.

De volta ao restaurante Louise dá a notícia a todos.

- O senador está morto, vítima de envenenamento, mas quem será o próximo e qual ligação entre as vítimas, me diga Louis o senador era casado?

- Não senhora, suas preferências eram por jovens homens.

- Eu sabia que a carta se referia a isso, Louis você é demais, mas qual significado disso tudo.

Desmascarando o assassino (finalmente as cartas estão na mesa)

Todos estavam sentados no restaurante, apenas Louise andava de um lado a outro pensativa até que se lembrou de algo que deixou passar em branco.

- Jimmi onde ficam os pertences dos funcionários do trem?

Falou em tom baixo para só que Jimmi escutasse, todos se olharam sem saber o que estava acontecendo.

- Preciso conversar com nosso chef de cozinha por uns minutos, mas eu volto e ninguém saia dessa sala.

Tenho que pegar esse assassino antes de chegar a Londres, pensou Louise.

- Onde fica o depósito Jimmi?

- Depois da cozinha Louise, na próxima porta.

Louise começou a abrir todas as malas, mas não encontrou nada que significasse ser do assassino.

- Nada Jimmi, será que deixei passar algo? Existe algum outro tipo de compartimento nesse trem, algo que não é para ser visto a olho nu?

- Que eu saiba não, senhora.

- Jimmi me ajude aqui, estou vendo algo ali em cima naquele vão, você está vendo? Parece uma pequena mala.

- Sim senhora estou vendo, é mesmo uma pequena mala.

Jimmi fez apoio para Louise subir até alcançar a tal mala.

- Peguei Jimmi, me ajude a descer, veja é uma pequena mala escondida no vão do teto, aposto que nossas respostas estão aqui dentro. Ao abrir a tal mala Louise começou a sorrir.

- Eu disse Jimmi, está aqui tudo que eu precisava para esclarecer esses crimes, veja a roupa de funcionário e esta faltando um botão, aquele mesmo que encontrei na mão de Thomas Brown, um vidro de arsênico e bingo, está ai o veneno usado nos copos. E ainda tem mais Jimmi, o que é isso? Uma carta do senador Adam autorizando a fábrica de Oliver a reabrir, depois de um mês fechada, um baralho de cartas, claro sem quatro pares de Ases, hum... hum...a arma feita sob medida do senador, fotos do senador com Oliver jantando em um restaurante, mas esse terceiro na foto não é Thomas Brown, sim é ele mesmo, então os três se conheciam, veja ainda tem um bilhete, deixe-me ver o que diz nele.

“Querido irmão eu sei que o que vou fazer não vai trazer você de volta, mas eu preciso ter paz em minha vida e só depois de todos pagarem com a própria vida vou poder continuar, tenho tudo planejado e sei onde todos irão estar, já estou trabalhando com um deles sob disfarce, tenho sua total confiança e sei de todos os seus passos, poderia matá-lo a hora que eu quisesse, mas prefiro pegar todos de uma vez, espero que entenda o que estou fazendo e fique feliz por mim, nunca irei esquecê-lo meu irmão querido, dê um beijo em mamãe e papai por mim, um dia estaremos juntos de novo.”

Com amor,

L.M

- L.M, Jimmi, quer dizer Louis Martin, ele é o nosso assassino, mas por que matar esses três homens? E qual ligação com seu irmão? E a senhora Lina Facite não foi mencionada no bilhete, mas por que está morta? Seria porque viu o assassino?

- Mas é claro Jimmi, ele a matou antes que ela o reconhecesse. Preciso que você me faça um favor Jimmi, quando voltarmos para lá, aja normalmente e com muito cuidado, sem ser notado feche a saída do restaurante e dê uma desculpa qualquer, pode se por causa da corrente de ar frio que entra, algo assim combinado?

- Sim detetive combinado.

Louise entrou no restaurante e discretamente deixou a pequena mala atrás de uma mesa, ficou parada olhando todos enquanto Jimmi se dirigia até à porta, então acenou para ele e pediu que fechasse a porta, por causa da corrente de ar frio, que estava entrando. Andou de um lado a outro e começou a falar:

- Bem como todos vocês sabem quatro pessoas foram assassinadas nesse trem, o assassino usou quatro cartas com naipes diferentes em cada crime, um ÁS de ouros, que simboliza no tarô alquimia e lógico, usou veneno no copo, muito inteligente de sua parte, depois temos o ÁS de espadas e, no caso, ele usou uma faca, foi muito inventivo da parte dele, em seguida temos o ÁS de paus, que simboliza o fogo e ele usou um método muito cruel, em uma senhora indefesa; E por último, o ÁS de copas, que tem uma conotação feminina e como fiquei sabendo do senador, que ele tinha preferências por homens... Todos se olharam e apenas Louis sorriu.

- Mas o que essas cartas têm de ligação com os crimes? Disse Louise.

Na verdade eu acho que nada e sim, foi apenas uma distração, um complemento para parecer inteligente e fazer as pessoas pensarem, mas eu descobri que três das vítimas se conheciam antes de embarcarem nesse trem, todos sabemos que Oliver e o senador se conheciam, porque conversaram nesse mesmo lugar um dia antes, mas também tinham relação com nossa vítima numero dois, Thomas Brown, o único ponto fora do lugar é a senhora Lina Facite, que no meu entender foi uma vítima ao acaso, pela infelicidade de ver o assassino saindo da cabine do senador, mesmo não o reconhecendo na hora, acabou sendo morta, uma fatalidade ao acaso.

- Eu, também, encontrei na cena do crime de número dois um botão de casaco, ele estava na mão de Thomas Brown, na tentativa de se defender, ele deve ter segurado com força a roupa do assassino arrancando um de seus botões, vejam é esse botão e combina com o casaco que Jimmi está usando, mas é claro, Jimmi não é nosso assassino e seu casaco tem todos os botões.

- Louis você saberia me dizer onde foi parar a arma que o senador tinha com ele? Perguntou Louise.

- Não senhora, acho que pode estar na cabine.

- Com certeza não, eu teria achado quando analisei a cena do crime. Quando eu e Jimmi vasculhamos o vagão dos funcionários eu encontrei algo muito revelador Louise;

Foi até à mesa e pegou a pequena mala a colocou-a sobre a mesa.

- Alguém reconhece essa mala? Perguntou e na mesma hora Louis começou e se mexer como se fosse querer sair correndo.

Ela abriu a pequena mala e tirou a arma que pertencia ao senador, apontando para Louis.

- Fique calmo meu amigo, pelo que vejo essa mala lhe pertence.

- Nunca a vi na vida detetive, fiquei nervoso por causa da arma.

- Pois bem, Jimmi pegue a arma e fique na porta, se alguém se mexer aponte e se preciso pode atirar.

- Com certeza eu farei isso detetive.

- Como ninguém se declarou dono dessa mala eu vou revelar o que tem dentro, além da arma é claro, temos um uniforme de funcionário, sem um de seus botões, o mesmo botão que encontrei na mão de Thomas Brown, um baralho de carta, por sinal muito oportuno e um vidro de veneno, além de fotos dos nossos três homens mortos, em um restaurante juntos, temos também a ordem dada pelo senador para liberar a fábrica de armas e a peça chave de tudo, um bilhete assinado apenas como L.M, o que me leva a crer que L é de Louis e M de Martin, o que você me diz senhor Louis? Perguntou Louise.

- Você realmente é muito esperta detetive, acho que subestimei sua inteligência, mas o que está feito está feito, eles mereceram e faria de novo se possível.

- Diga-me Louis qual ligação desses homens com seu irmão?

- Thomas Brown matou meu irmão, ele estava sem emprego e desesperado, pois a namorada estava grávida e ele precisava pagar as contas do médico, mas teve a infeliz ideia de invadir a casa de Thomas para roubar e foi assassinado brutalmente pelas costas, a arma era de origem da fábrica de Oliver Lohan e não tinha licença, nada foi feito a respeito e ninguém foi punido, apenas uma multa e um período sem atividades, até o nosso senador Adam expedir um documento de liberação da fábrica, Thomas alegou legítima defesa e se safou também, meu irmão foi vítima do sistema detetive, ele era um jovem bom e com um futuro pela frente, seria um bom pai, mas teve sua vida tirada por um homem rico e covarde.

- Mas e a senhora Lina, por que a matou?

- Ela foi apenas um bônus, estava no lugar errado e na hora errada e podia me reconhecer antes de eu completar meu plano, sua morte foi uma obra de arte você não acha? Louis sorriu ao perguntar para Louise.

- Não vejo nada de nobre no que você fez, muito menos ser comparado a uma obra de arte, essa senhora não merecia morrer assim. Então quer dizer que você se juntou ao senador e esperou o momento certo para pegar os três? É isso?

- Com certeza foi isso, poderia matá-lo a hora que eu quisesse, mas sou paciente e esperei a hora certa de agir.

- Muito bem senhor Louis, o senhor está preso por múltiplos assassinatos e terá direito a um advogado, quando chegar a Londres. Jimmi pegue uma corda e amarre a mãos do senhor Louis, ele ficará fechado em sua cabine até chegarmos, se tentar escapar atire nele.

- Bom trabalho detetive, disse o primeiro ministro Frances.

- Obrigado senhor, mas fiz apenas meu trabalho.

O trem se aproximava da estação em Londres, quando Louise olhou pela janela e viu dois policiais parados em frente ao terminal, desembarcou depressa e foi em direção aos dois policiais identificando-se.

- Louise Bonnet, polícia francesa, temos um criminoso em uma das cabines do trem, ele matou quatro pessoas durante a viagem, peço que vocês o escoltem até à delegacia e procurem pelo capitão Hastings, diga que Louise Bonnet os mandou.

Louise estava muito feliz por ter resolvido um crime, em tão pouco tempo e não via a hora de encontrar seu amigo Eddie Mase e contar-lhe tudo o que aconteceu, ficou parada enquanto os policiais levavam Louis e com um sorriso no rosto pensou: Louise Bonnet você é demais!...

Fim