Sem compaixão

Ela pegou minha identidade
ontem a noite, me deixou sem
nome e não sei quem sou.

Perdi o trem de meia-noite e
fiquei parado na estação, só
e com minha solidão.

Queria poder voar até o céu
o espaço é meu limite, mas
não sei voar, foguete sem luz.

Faz muito tempo que minhas
palavras não te tocam, mas
tudo vai ficar bem, amém.

Jeans azul balanço na noite
música sem pés para dançar
pista vazia, sem harmonia.

Sem nome e sem fé eu fui
perguntar a deus, por que
a bailarina não dança.

Sem a melodia certa ela
não pode dançar, e hoje
não pode amar, ele disse.

Ela roubou meu nome e
me jogou na sarjeta, quer
que eu a esqueça.

Ainda de pé na estação
com o coração nas mãos
e sem sua compaixão...